terça-feira, 6 de setembro de 2011

A garota de 17 anos faz zum zum e mel

Amigo meu, quase na meia idade, está apaixonado por uma garota de 17 anos.
Destas paixões absurdas, de andar lembrando – e babando – por ela a toda hora. De suspirar profundamente quando o pensamento balança a pança e o sorriso vem aos lábios.
Perto dos 60, este meu amigo - que vou chamar de Denner, em homenagem a um quase irmão -, voltou a ser criança. E resolveu curtir a vida. Adoidado!
Está certo! Afinal, depois de anos de casamento, a vida pode cair numa monotonia. Mas o homem continua a pensar em sexo, mesmo cinquentão, com a mesma ansiedade de adolescente. E até pior, pois aí já existe aquela maturidade, aquela experiência e ainda aquela curiosidade por um ou outro ensinamento do Kama Sutra não colocado em prática ainda.
O pior é que não se consegue um passe livre da esposa para, pelo menos, um dia na vida.
Pois este amigo, o Denner, desimpedido, tem a vida toda pela frente... Ou o que resta da nossa vida pela frente.
Não sou contra este amor quase outonal. Existem outros até mais velhos. Afinal, a vida é uma só. E ele tem que olhar muito ainda para sua frente.
E uma mulher como esta menina de 17 anos que arranjou, que faz zum zum e mel em seu ouvido - mesmo que for só em pensamentos -, o deixou mais novo. Renovado. Recuperado. Restaurado para esta terceira e última parte da vida. E com um sorriso de criança no rosto.
E como é difícil chegar a esta idade com um sorriso de criança no rosto.
A garota de 17 anos cheguei a pensar comigo, pode ser um engano. Ilusão de uma cabeça que trabalha 18 horas por dia. Pode ser coisa de subconsciente. Mas como é ele o apaixonado, e ainda não me apresentou à mesma, fico no aguardo.
Pelo que diz com aquele sorriso de criança no rosto, penso até não existir tão formosura de mulher com tão tenra idade. Ou ela parece ter mais do que aqueles inocentes anos, na experiência da vida.
Mas como histórias de amor duram apenas 90 minutos, acredito que ele deva aproveitar ao máximo este tempo. Real ou ilusória mente.
Não sei como fará quando terminar sua hora e meia de paixão. Serão apenas mais dois olhos nus, anos-luz do seu amor?
É bom analisar o que é uma mulher de 17 anos na vida de uma pessoa mais velha. Primeiro, que esta pessoa não está mais na adolescência. Depois, a garota é menor de idade. Real ou ilusoriamente. E esse fato poderia constituir em crime.
Mas como o amor existe num plano diferente - que talvez o Iran Rego, mais chegado nestas coisas extraterrenas, venha explicar um dia -, o que pode atrapalhar um romance como esse não é a diferença de idade, mas o contraste de interesses. Mesmo ilusoriamente.
Como é a química dos dois? Não sei!
Nem conheço a menina de 17 anos, que anda pelas ruas de Montes Claros com sua saia curtíssima, vermelha, gosta de calcinha branca e caminha de salto alto no coração deste amigo de tantos anos.
Nem sei se ela, sentada naquele barzinho da Avenida Sanitária, ao cair da tarde - num bate papo regado a uísque com água de coco para ele, suco de açaí para ela - concordam em assuntos relacionados a sexo, moda e música.
Se neste papo descontraído os pais da menina de 17 anos estão cientes deste amor dela por um quase... Pai, avô...
E se este amor não tiver nada a ver com a menina de 17 anos? Afinal, ela deve gostar de frequentar lugares que ele odeia.
Ele pode discriminar os amigos pirralhos, criticar seu jeito infantil. E os seus hábitos – fumar, pensar em Cauby Peixoto, cantar Madalena, falar de Daço Cabeludo, Bala Doce e de Sêo Ênio, do Quintal... - com os quais ela não concorda e gente que nunca ouviu falar!?
Pode ser que a menina de 17 anos, que vai a Feirinha da Praça da Matriz aos domingos pela manhã só para ver Aroldo Pereira, esteja totalmente encantada apenas com o charme deste meu amigo.
Pode ser que ela, que gosta de Justin Bieber, esteja atrás apenas de seus 15 minutos de fama. Mas qual fama?
Pode ser que ela, que quer ir ao Rock in Rio este ano – já marcou em sua agenda que vai assistir aos shows do AC/DC, Paul McCartney, Avril Lavigne, Shakira, Elthon John, Red Hot Chili Peppers, Metallica, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Sepultura, Angra, Rihanna e Slipknot – esteja atrás apenas disso: a possibilidade de ir ao Rio, por um mundo melhor!
Pode ser apenas o fogo da paixão, que pode dar uma abrandada em alguns dias. Essa coisa de que os opostos se atraem é balela!
Tem gente com necessidade de trabalhar com o ego, com as questões do ego. Entender as estruturas da mente.
Tem gente que quer identificar as nossas mascaras e os escuros que tentamos olhar.
Tem gente que viaja para conhecer novas alturas.
Outras, para conhecer aquele prato que nem sabe pronunciar o nome.
Outros, ainda, para se reencontrar de vez em quando.
Denner, meu amigo, está encaixado nesta forma e em todas as outras.
Ele, de close em close, pode perde a pose.
Ficar desminliguido!
Apesar de Deus ser brasileiro, outros deuses vivem por aqui: Exu, Tupã, Thor, Alá, Oxossi, Zeus, Roberto, Buda e Oxalá.
E a garota de 17 anos.
A menina que faz zum zum e mel...
(Lá do bar de João, na Dr. Santos, vem um som: Eu corro, fujo desta sombra/ Em sonho vejo este passado/ E na parede do meu quarto/ Ainda está o seu retrato/ Não quero ver prá não lembrar/ Pensei até em me mudar/ Lugar qualquer que não exista/ O pensamento em você...)

Um comentário:

  1. oi Peré, tudo bom? Conforme você prometeu la no meu Blog, estamos ansiosos aguardando sua visita. abraços

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