terça-feira, 6 de setembro de 2011

Respeitável público, o palhaço Frajolla (e Mariola)

A fábrica de inspiração do palhaço Frajolla (e Mariola) não para. Ontem mesmo, estava gravando um DVD, pelas ruas de Grão-Mogol. Hoje, se apresenta na festa de uma cidade ribeirinha do Jequitinhonha, ou ali mesmo, perto de Curvelo, onde mora atualmente. Amanhã, (quem sabe?) nos dá a graça e a honra de vê-lo pelas ruas montesclalindas, acompanhado pelo homem da perna de pau, com aquele mundaréu de crianças atrás, um verdadeiro mar de alegria. Este é Frajolla, um palhaço que doença alguma consegue deixar na cama.
Há algum tempo nosso papo é virtual, através do MSN ou do Facebook. Frajolla e Mariola estão morando em Curvelo, ali no centro de Minas. Talvez para ficar perto de tudo. Ou longe. Sei lá.
Me lembro bem dos lançamentos do seus discos por aqui, de suas viagens e shows nas cidades deste Grande Norte. Escuto sempre suas músicas. São tantos os CDs, mas guardo bem guardado um LP, que escuto no velho som. Seus discos sempre são lançados com algo diferente. "Cartilha Encantada", por exemplo, foi apresentado ao respeitável público junto com gincanas. Tratava-se de um projeto de parceria entre alunos de educação física da Funorte, Frajolla e as escolas da cidade e da região.
O disco, que vinha dentro de uma cartilha, trazia, além das letras das canções, jogos de palavras cruzadas, adivinhações e desenhos "para a criançada brincar, colorir e se divertir". Coisa mais do que certa para este professor que tanto gosta de crianças.
Como não se maravilhar com ‘Quintal da Fantasia’, ‘Maria Tigela’, ‘A Arainha’, ‘No Caminho da Roça’, ‘Cadê’, ‘Samba Mais Eu’, ‘A Velha Debaixo da Cama’, ‘Monjolo’ (parceria com Tom Andrade), ‘Água de Beber’ (Pedro Boi). Mas isto foi em 2004/2005.
Seu ultimo trabalho (além de um lindo DVD) que conhecia era “Bom Dia, Escola”. Frajolla fez este CD pensando nos adultos, mas nunca produziu algo tão bom para a meninada. Encaixa direitinho em qualquer coração, tanto por músicas como ‘Casinha de Bambuê’ ou ‘O Sapo Não lava o Pé’ – minha predileta. Só podia! – mas pelo formato diferente que ele dá a todas elas.
No CD existem ainda coisas lindas, ‘A do lê ta’, ‘Dona Coruja’, ‘Rebola Bola’, ‘Engenho Novo’, ‘Como vai amiguinho’, ‘Dedinhos’, ‘A formiguinha’ e até ‘ Prenda Minha’ e ‘Onde está a Margarida’. Totóia e Juca não paravam de dançar, ao colocar o disco para rodar. Às vezes, até enche, pois não querem que eu ouça outra coisa. Coisas de criança, quando ainda eram crianças. Hoje, Totóia está pra lá dos 15, Juca com seus 10. Nem deveriam interessar tanto.
Qual o que.
Muito tempo já se passou depois de ”Cartilha Encantada” e “Bom Dia, Escola”.
Dia destes recebo telefonema do compadre Luis Carlos Nunes. Trouxe um presente pra mim de Curvelo. Vou buscar, e nem abro em sua casa. Ele não disse o que se tratava aquela caixa de papelão.
Em casa, a surpresa: numa caixa/estojo, “Brincar de Quê?”, com os discos mais recentes de Frajolla e Mariola.
“Brincar de Quê?” traz seis discos, quatro CDs e dois DVDs. Seis de uma vez só!
Curvelo fez bem à dupla, que continua fazendo shows todos os finais de semana em cidades tão dispares como Entre Rios, Abaeté, Pompéu e Salinas.
A música de Frajolla e Mariola é sempre cheia de humor. Além de trazer todo um folclore, pois eles, antes de serem músicos de crianças, são pesquisadores. E que coisa mais linda é ver estas figuras avançando contra a corrente, resgatando cantigas de roda com aquele toque especial. É, também, a oportunidade dos pais se divertirem a valer numa demonstração de que nunca deixaram morrer a criança que existe em cada um de nós. “Um autêntico show musical com brincadeiras que revive a matinê nos picadeiros debaixo da lona circense”.
Por onde passa, Frajolla e Mariola deixam marcas do que é bom como diversão sadia, levando a todos os cantos a alegria de viver que pode ser vista nos olhos de cada menino ou menina de todas as idades. Apresentam em seus show músicas e brincadeiras com a total participação da platéia, levando a alegria e ao delírio aos que buscam uma diversão pura como descanso e descontração.
Resgatam o universo das cantigas de roda do interior do Brasil, recriam aquele espírito circense que fez a alegria das gerações que antecederam o advento da televisão, tentando justamente ressuscitar essa magia; existem mais tesouros para as nossas crianças que a hipnose da “telinha”. Nestes tesouros pulsa a alma do verdadeiro Brasil, tão esquecido em nossas imensas cidades.
Me rendi as travessuras do palhaço Frajolla outra vez.
Ainda mais no formato DVD, em que recria suas cantigas de hoje e sempre.
E indico para crianças, mas como mora sempre uma dentro de nós, o bom mesmo é a gente sentar na sala, ligar a TV, comer pipoca, tomar guaraná e curtir, na maior inocência e cara séria, junto com os baixinhos, faixa por faixa.
Tudo que ele mostra neste estojo, surpreende.
Pelas imagens, pelas músicas e pela cara dos baixinhos quando acaba: querem repetir tudo de novo.
Frajola é um palhaço diferente.
Interessado em levar cultura para baixinhos e altinhos, entrou de vez na linha folclórica, trazendo o melhor a tona.
Garimpa minas virgens do Norte e Jequitinhonha, e é a fonte, cabeceira e nascente de suas criações.
Não se poupa.
“Hoje Tem Espetáculo” está aí, para não me deixar mentir. “Brincar de Quê?”, também.
O restante é fruto da busca, do garimpo, sozinho, na labuta dos anos.
As belas – e bota belas aí – imagens mostram como o palhaço é sensível. Como o palhaço é espiritual. Como Deus é grande!
Todos chutando a bola da vida no gol da imaginação, seja dono da rua, capitão do mato, que invente o brinquedo, o arco-íris e coisa e tal.
Tinha até esquecido de como cria este Frajolla.
Espero, agora, que ele, novamente, volte a nossa montesclalinda cidade e grave, em nossas ruas - que tal a praça da Matriz ou a parte velha da cidade? - uma das canções do seu próximo DVD.
Afinal, a gente fica com orgulho quando vê produções tão boas, tão largadamente bem feitas, tão cheias de curiosidade, tão bonitas e gostosas, tão... Nem tenho mais nome para tal coisa, tão bem feita que é! A vontade é de não parar de escutar nunca. Não parar de assistir, nunca.
E que venha mais, pois o que é bom, é para vir de montão. Frajolla com Mariola sabem o que é tão bom para o coração deste velho montes-clarense.
Vão, Frajolla e Mariola (e Maria Bulaxa). Continuem a percorrer as ruas das cidades lá de fora.
Mas não se esqueçam da gente!

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